Muito tem se dito que devemos reabrir as escolas, de fato, concordo que educação é uma necessidade básica, mas o que me pergunto é “de qual forma voltar?”.
Redes de ensino.
No estado temos 38.147 escolas, entre infantil, fundamental e médio, nas redes estaduais, municipais e particulares. É fácil obrigar a rede particular a ter e seguir protocolos de segurança, mas como fazer na rede pública? Onde por vezes, o uniforme só chega no meio do ano.
Problemas
Um dos fatores que levam o pedido de retorno às aulas, é a dificuldade de acesso a internet e inclusive falta de equipamento de 40% dos alunos da rede pública, entre outros problemas sócio-econômicos, que colocam a margem o aluno na linha de vulnerabilidade, cerceando o acesso ao aprendizado. Porém, outra preocupação é quanto o aumento de crianças com a síndrome de Kawasaki que em 2020 foram de 197 casos e vem crescendo com o surgimento da COVID-19. Além do fato da exposição e por mínimo descuido que seja, acaba levando o vírus aos mais próximos, não podendo esquecer que boa parte das crianças convivem com idosos. Lembrando também que as salas de aula dos anos finais do fundamental II e do ensino médio, tem em média 35 alunos por sala, na rede estadual 82% das escolas não tem mais que dois banheiros e a circulação de ar fica limitada por pequenas janelas.
Uma saída
Não vejo como impossível reabertura das escolas. É preciso ter em mente os problemas e buscar soluções, por mais que estejamos nas idas e vindas de fechamento de comércio, é preciso o convívio social na escola, além de seu aprendizado.
Será necessário:
- A volta será opcional, de acordo com o consentimento dos pais e alunos que se sintam bem em seu retorno presencial. Não havendo punição, mas acompanhamento.
- Rígida fiscalização da higiene das crianças e jovens, por consequência será necessário conscientizar o uso de álcool em gel, máscara e higienização das mãos além da aferição da temperatura.
- Triar os alunos que tenham condições, facilidade de acesso virtual e tenham se adaptado ao modelo EAD, que não sejam obrigados ao retorno, permitindo assim que os alunos com menos condições possam ir às aulas presenciais.
- Em caso de um aluno com familiar com suspeita de COVID-19, deverá informar a escola e por consequente a UBS mais próxima a fim de rastrear possível contágio.
- Alteração no modelo atual de aulas, fazer uso do que já preconiza a LDB e trabalhar com os alunos ao invés do formato de “ensinagem”, utilizar projetos educacionais que permitam trazer o conteúdo do ano anterior trabalhado com o ano atual, evitando a sensação de “perda” de ano letivo.
Acredito que possamos contornar os problemas, achando soluções viáveis e factíveis, portanto, é preciso pensar em como se fazer e não apenas querer que seja feito.