A pandemia trouxe várias rupturas sociais e sanitárias.
A educação tomou alguns rumos jamais imaginados.
Que momento propício para mudanças, pois tudo entrou em um ciclone de transformações. Oportunidade perfeita para que o velho normal da educação NUNCA mais volte.
É neste cenário que comemoramos o Dia dos Professores. Parabéns meus amigos corajosos, fortes, conspiradores e românticos. Agora é hora de arregaçar as mangas e não permitir que o velho sistema educacional fordista, conteudista, ineficiente, sem embasamento legal e científico volte.
Que os saberes fragmentados em disciplinas e matérias, sejam substituídos por saberes complexos, desfragmentados e com utilidade prática para a vida.
Que a disciplina rigorosa do ambiente escolar seja completamente substituída pela autonomia com responsabilidade. E que você, professor, também tenha autonomia, pois ninguém dá o que não tem.
Que as fileiras de carteiras que castram a interação e geram contempladores de nucas, sejam substituídas por rodas, onde há um convite para a troca, a empatia, o convívio, o acolhimento, a escuta e o diálogo.
Que você perceba que o excesso de volume de conteúdo é oco, e passe a olhar com atenção para a qualidade do aprendido e seus diferentes processos.
Que o próximo aprendizado não surja com o virar da página de uma apostila, mas que seja fermentado pela curiosidade e brote de um desejo de aprender do aluno ou de um problema a ser solucionado.
Que nunca mais seja uma prova classificatória a avaliar o que seus alunos sabem ou não fazer.
Que a memorização de conteúdos fragmentados seja substituída pela aprendizagem significativa. “Por aprendizagem significativa entendo aquilo que provoca profunda modificação no indivíduo. Ela é penetrante, e não se limita a um aumento de conhecimento, mas abrange todas as parcelas de sua existência.” Carl Rogers
Que você não mais precise tratar os diferentes, como iguais – diferentes ritmos, diferentes dificuldades, diferentes habilidades, diferentes desejos – afinal cada aluno é único e todos merecem respeito.
Eu desejo que você professor, nunca mais exerça um papel solitário, mas que passe a trabalhar no coletivo e pelo coletivo.
Que o falar dê espaço ao escutar, e o dar dê espaço ao trocar.
Que o fazer para o outro, dê espaço ao fazer com o outro, para que haja acolhimento e pertencimento.
Que a escola não seja mais um prédio, mas uma atitude construtora de saberes, que pode e deve envolver toda uma comunidade e acontecer em qualquer lugar.
Que você valorize o que seus alunos aprendem, não por conta de uma prova chamada vestibular, mas por conta de algo mais relevante, chamado vida.
Que você nunca mais dê uma aula expositiva, pois é hora de parar de tratar os alunos como depositários. “O professor não ensina aquilo que diz, transmite aquilo que é.” José Pacheco
Meu último desejo é que você professor, seja.
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